Programa B+P gera ganho de 52% na produtividade industrial

Programa B+P gera ganho de 52% na produtividade industrial

Iniciativa coordenada pelo MDIC, em parceria com ABDI e outras entidades, tem como foco implementar melhorias nas pequenas e médias empresas

O Programa Brasil Mais Produtivo (B+P) gerou um ganho médio de 52,11% na produtividade das três mil empresas que participaram da iniciativa do Governo Federal. Os resultados estão na avaliação de desempenho feita pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) apresentada nesta quarta-feira (12). A ação criada em 2016 teve como foco implementar técnicas e ferramentas, como a manufatura enxuta, nas pequenas e médias empresas, as com maior potencial de crescimento.

Em alguns casos, o ganho de produtividade foi ainda mais expressivo. A empresa Síntese Escadas, fundada há 32 anos em Lagos Santa (MG), aumentou em 70% os resultados da fábrica. “Até 2016, a gente tinha um nível de crescimento lento. A partir daquele ano, tivemos um boom com a intervenção do Brasil Mais Produtivo e com a ferramenta do lean manufacturing”, destaca Diego Maia, gerente de projetos da indústria.

E o crescimento da fábrica mineira não ficou restrito aos três meses de atuação dos técnicos do programa B+P. Desde o ano passado, a empresa cresceu mais 61%, contratou mais funcionários e movimentou a cadeia produtiva. “No setor que a gente atuou, que era o gargalo, os recursos foram mantidos, mas este setor puxou todo o resto da fábrica. Era ele que abastecia a linha principal. Contratamos mais pessoas, aumentamos a compra de matérias-primas e isso gerou impacto em outras empresas. No chão de fábrica era por volta de 40 funcionários, hoje estamos com mais de 60”, detalha Maia.

Um dos atrativos do programa é o baixo investimento em relação ao retorno prometido. A Síntese Escadas teve que fazer um desembolso inicial de R$ 3 mil para aderir ao B+P e depois aplicou mais R$ 5 mil nas adequações necessárias na linha de produção. Recursos que retornaram em um mês.

Histórico e expansão

Esta política de atuação microeconômica é um dos diferenciais do programa, como destacou o ex-ministro de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Armando Monteiro, que lançou o Brasil Mais Produtivo durante sua gestão. “Todas as gerações de políticas industriais do país estavam fundamentadas em macro objetivos. E o país entrou em um período que a política industrial estava em xeque, pois necessitava de incentivos que não conseguíamos dar mais. Para preservar esta agenda no espaço reduzido que tínhamos, com um quadro em que a produtividade estava estagnada, focamos na política microeconômica”.

O B+P continuou nas gestões de Marcos Pereira e do atual ministro do MDIC, Marcos Jorge, que ressaltaram a importância do programa, institucionalizado como política pública em outubro deste ano, por Decreto Presidencial. “Em termos de política pública, podemos ver os resultados na avaliação de desempenho. Trata-se de uma visão de Estado. O B+P evoluiu através da manufatura enxuta e agora podemos dar transparência aos resultados. E vamos estender iniciativas como esta para outras áreas, já zeramos os impostos para robôs e impressoras 3D”, exemplificou Marcos Jorge.

A intenção de expandir o Brasil Mais Produtivo foi proposta pelo presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Guto Ferreira, na última reunião do conselho da instituição, em 29 de novembro. “Fizemos uma proposta para escalar o B+P para além das três mil empresas, queremos alavancar um fundo de R$ 100 milhões em parceria com entidades do Sistema S. É importante reconhecer a importância do programa para aumentar a produtividade industrial, mas também para a inovação que deve ser a base para as ações do governo”, projetou.

Resultados

O Brasil Mais Produtivo é coordenado pelo MDIC e realizado em parceria com ABDI, Senai, Apex e tem o apoio do Sebrae e do BNDES. A primeira fase da iniciativa foi encerrada em julho de 2018, atendendo três mil pequenas e médias empresas, com distribuição regional de: 8% no Norte; 16% no Nordeste; 21% no Centro-oeste; 26% no Sul e; 29% no Sudeste.

"O programa ataca o maior problema da indústria brasileira, que é a baixa produtividade. Uma agenda fortemente conectada com a principal ferramenta que é a manufatura enxuta, onde a gente conseguiu decodificar o que era cativo das grandes empresas e levar para as pequenas e médias, dando uma dimensão superlativa a algo já disponível para as grandes, mas que não estava ao alcance das demais. É um resultado extraordinário no sentido da preservação de emprego, de geração de riqueza e de manutenção da dinâmica econômica do tecido regional", ressaltou Rafael Luchesi, diretor-geral do Senai. 

Foram selecionados quatro setores tradicionais da indústria: alimentos e bebidas (32,2% das participantes do programa); vestuário e calçados (30,4%); metalomecânico (22,1%) e; moveleiro (14,7%).

O aumento médio de produtividade de 52,11% superou a meta definida para a primeira fase do programa que era de 20%. A redução média de movimento do trabalho, ou seja, deslocamentos desnecessários, foi de 60,6%. A redução média de retrabalho foi de 64,82%. O tempo de retorno do investimento derivado das melhorias implantadas foi de cinco meses e o ganho médio deste retorno foi de mais de 11 vezes.

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