Uma startup com poucos anos de vida, que reúne diversos jovens com diferentes habilidades, e uma empresa brasileira que é uma das mais importantes na aviação mundial se encontraram pelo Programa Nacional Conexão Startup Indústria da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O resultado da parceria entre a Virtual Avionics e a Embraer está exposto na Inova Arena da Game XP: um simulador em realidade virtual para ligar o avião e fazer os primeiros procedimentos para iniciar o voo.
O maior desafio foi fazer com que ao colocar os óculos e mover as mãos, o usuário da tecnologia tivesse a sensação mais próxima possível da realidade, como explicou o responsável por desenvolver o software, Gabriel De Cicco. “Pensar esta interação entre os movimentos das mãos e o controle remoto, para que a pessoa sinta como são os comandos, o peso dos botões, alavancas e, assim criar uma memória muscular para os pilotos, é a parte mais complicada”, explica o profissional da Virtual Avionics, que recebeu treinamentos na Embraer.
O resultado surpreendeu os irmãos Luisa Gomes, 12 anos, e Miguel, 10 anos (foto ao lado). “Quando eu olhei para trás tinha outra cadeira e uma folha de papel. Dava para ver embaixo direitinho, não achei que seria tão real”, conta Luisa. “Bem maneiro, parece que está no avião”, completa Miguel.
O passo seguinte da parceria da Virtual Avionics será criar uma luva com sensores, mais parecida com os movimentos humanos que os controles remotos, além de desenvolver o programa para outros tipos de aeronaves da Embraer. “Foi muito importante esta parceria com a Embraer, uma empresa próxima e de ponta, para recebermos este know how deles”, afirma De Cicco. “A confiança foi conquistada com o tempo e conforme mais estreitamos a relação, mais informações a empresa nos passa”, prossegue.
Plano de voo
A startup também desenvolveu um simulador de voo com os comandos do painel do avião, desde a ativação do trem de pouso, reverso e outros comandos. A missão de quem experimenta o equipamento na Game XP é pousar uma aeronave no aeroporto do Galeão, uma interface do programa da Virtual Avionics com um software disponível no mercado.
“Nunca pilotei, mas percebi que o avião se mexe bem, o controle é bem diferente dos jogos, é mais interessante”, comenta o estudante de biologia Lucas de Farias, que experimentou o simulador.
Além da segurança para os profissionais de aviação, a vantagem para a empresa ao usar simuladores é a redução de custos. “Aqui é uma estação de treino para pilotos, com o computador de bordo e os comandos da cabine. A ideia é agilizar o treinamento. Têm também os entusiastas que compram para praticar. A gente tem para vários modelos de avião e, além de menor, o equipamento é mais barato. Só para ligar o avião o custo é alto”, detalha Vitor Monteiro, analista de marketing da Virtual Avionics.
A startup foi fundada por um ex-piloto que queria um modelo de pilotagem automática, mas os equipamentos importados eram caros. Ele decidiu fazer um personalizado, mas para que compensasse os custos, a quantidade mínima era de dez simuladores. Ele resolveu colocar o excedente à venda e tudo foi comprado rapidamente. Ele encomendou mais 40 e, novamente, a demanda foi grande. Então ele percebeu que havia uma oportunidade de negócio e montou a empresa.
Conexão
O Programa Nacional Conexão Startup Indústria da ABDI selecionou dez indústrias e 27 startups, de um total de quase 400 empresas inscritas. Em três anos a iniciativa vai investir R$ 50 milhões, sempre com a abertura de editais. A próxima seleção pública será no fim deste ano.