O gerente de Novos Negócios da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Tiago Faierstein, foi o destaque, nesta quarta-feira (12), de mais uma edição do Webinar IT Cluster, iniciativa do IT Cluster – Rede Brasileira de APLs que debate a importância da Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) como motor da economia digital. Em sua palestra, Faierstein tratou do Projeto Conecta 5G, iniciativa desenvolvida pela ABDI em parceria com o Parque Tecnológico São José dos Campos, com o apoio do Ministério das Comunicações e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para oferecer a municípios acesso rápido e facilitado à quinta geração móvel.
“O 5G não é um 4G+1. É uma tecnologia totalmente nova, com vantagens sobre o 4G e que pode habilitar novas tecnologias”, resumiu Tiago, ao dimensionar a importância do Projeto Conecta 5G para a criação de novos modelos de negócios por meio da rede de quinta geração e os impactos de seu avanço na vida das pessoas, como em telemedicina e serviços públicos.
O gerente de Novos Negócios da ABDI destacou a importância da tecnologia 5G para a habilitação de uma série de soluções já existentes no mercado, porém inviáveis por falta de conectividade. “Ela veio para permitir uma nova gama de dispositivos IoTs [Internet das Coisas] conectados, para permitir que o veículo autônomo agora seja conectado, devido à baixa latência, que os processos produtivos dentro das indústrias tenham, também, conexão a baixa latência, para oferecer alta largura de banda, trânsito de dados e imagens e para fazer realidade aumentada e inteligência artificial”, explicou.
Municípios
As oportunidades oferecidas pelo 5G esbarram, porém, na falta de modelo de negócios, lembrou Tiago. Como primeiro passo para superar o problema, que desacelera a implantação plena da nova tecnologia pelas operadoras, o Projeto Conecta 5G identificou nos municípios brasileiros, inclusive nos de pequeno porte, a oportunidade de aproximar a nova solução dos cidadãos e das atividades econômicas por meio da otimização de suas infraestruturas.
A iniciativa destinada a capilarizar a tecnologia no Brasil, segundo Tiago, é idealizada por meio de uma solução simples, que consiste no uso de postes de iluminação pública já instalados nos municípios. A inserção de uma antena 5G na luminária dos equipamentos – um bem público e não privado – descarta a necessidade de instalação de novas antenas pelas operadoras nos municípios e os problemas urbanos decorrentes dessa expansão, pelo fato de a nova tecnologia exigir de cinco a 10 vezes mais antenas do que as demandadas pela rede 4G.
“Vamos estimular a infraestrutura”, destacou Tiago. “O município pode utilizar sua Contribuição de Iluminação Pública (CIP) para adquirir luminárias com antenas 5G integradas.”
A iluminação pública cumpriria, assim, um importante auxílio para os modelos de negócios, inclusive como hub de serviços públicos. “Se o município é dono dessa estrutura, ele pode ancorar câmeras de segurança, sensores, serviços públicos, conectar prédios públicos e, melhor, alugar essas antenas para as operadoras”, completou.
O uso de luminárias com antenas integradas, cuja primeira experiência no Brasil foi realizada em Curitiba (PR), permitiria a aceleração do processo, sobretudo em municípios pequenos, onde as operadoras, por lei, têm até 2026 para a implantação de suas redes 5G. Segundo Tiago, mais de 50% dos municípios brasileiros têm CIP superavitária, 11 deles passam por casos de demonstração, inclusive jurídicos, e outros 24 acenam interesse, com recursos próprios, em projetos-pilotos em 5G.
Pioneirismo
Com a adesão crescente de municípios, o Projeto Conecta 5G pode tornar o Brasil pioneiro na implantação de demonstrações em redes de quinta geração. “As empresas do Vale do Silício não estão desenvolvendo ainda casos de uso de 5G”, destacou Tiago. “Estivemos esse ano na Mobile World Congress, que é a maior feira de telecomunicações do mundo, e a gente vê um movimento muito lento de desenvolvimento desses casos. Acreditamos muito que isso é uma grande oportunidade para a indústria nacional, nossas empresas e nossas startups saírem na frente nesse mercado mundial e desenvolverem essa solução, que não apenas resolverá problemas no Brasil, mas poderá ser exportada para o mundo inteiro”.