Radar Legislativo – 16/12 a 20/12

Radar Legislativo – 16/12 a 20/12

Conheça as discussões desta semana que tratam de desenvolvimento, tecnologia, inovação e sustentabilidade, entre outros temas relacionados à atuação da ABDI.

PANORAMA DA SEMANA

Nesta última semana de atividades no Congresso neste ano, a agenda não se limita à Reforma Tributária, ao pacote fiscal e ao Orçamento. Há também uma pauta remanescente que deve ser votada tanto na Câmara quanto no Senado. Na Câmara, entre a análise final do PLP nº 68/24 (regulamentação da Reforma Tributária) e as propostas do pacote fiscal, poderá ser concluída a votação do PL nº 327/21, que institui o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten) e retornou do Senado. Outro projeto que pode ser votado é o PL nº 3.337/24, que trata do conteúdo local no setor de petróleo. A medida é de grande interesse da Petrobras, mas enfrenta resistências na Casa. No Senado, o presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG) reservou sessões vespertinas na quarta e na quinta-feira para deliberar sobre as propostas de redução de gastos públicos, a serem aprovadas pela Câmara. Outros projetos de lei complementar com votação prevista na Casa incluem o PLP nº 143/24, que trata das cooperativas de seguros privados; o PLP nº 124/22, que aborda a prevenção de litígios tributários; e o PLP nº 125/24, que cria o Código do Contribuinte.

Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões é sancionado

O Brasil agora conta com seu mercado de carbono regulado. A Lei nº 15.042 foi sancionada, sem vetos, e publicada no Diário Oficial da União no dia 12 de dezembro. Após nove meses de tramitação, o texto final, aprovado em 19 de novembro, estabelece as diretrizes gerais para a instituição do SBCE (Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões), que agora segue para a etapa de regulamentação. O Ministério da Fazenda divulgou o  Roteiro de Implementação, no qual detalha as cinco fases de operacionalização, previstas para serem concluídas em um período de quatro a cinco anos.

Política industrial para a missão 5 da NIB

Diesel verde e combustível sustentável de aviação (SAF), hidrogênio de baixa emissão de carbono, biometano, aço e cimento verdes, aerogeradores e painéis solares foram definidos como as seis cadeias prioritárias para investimentos na Missão 5 do programa Nova Indústria Brasil (NIB), do governo federal.=

Elas foram definidas nesta quinta-feira (12/12) pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI). O governo federal e o setor produtivo anunciaram R$ 468,38 bilhões em investimentos privados e públicos para a Missão 5 da Nova Indústria Brasil – Bioeconomia, Descarbonização e Transição e Segurança Energéticas. Durante o evento, Alckmin apresentou três novas metas da Missão 5, para os anos de 2026 e 2033:

– promover a indústria verde, reduzindo a intensidade de emissões por unidade de produto em linha com as metas setoriais do Plano Clima;

– ampliar em 27%, em 2026, e 50%, em 2033, a participação dos biocombustíveis e elétricos na matriz de transporte; e

– ampliar o uso tecnológico e sustentável da biodiversidade pela indústria em mais de 10%, em 2026, e 30%, em 2033. Saiba mais

CÂMARA DOS DEPUTADOS

Programa de Aceleração da Transição Energética volta à Câmara

Mais incentivo a fontes de energia renováveis. É o que prevê o projeto que cria o Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten). Empresas que aderirem ao programa ficarão aptas a receber recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima. Como o texto do projeto (PL 327/2021) foi modificado no Senado, haverá nova análise dos deputados. O texto do Paten, aprovado pelo Senado e agora em nova análise pela Câmara dos Deputados, propõe que os recursos não utilizados da cláusula de eficiência energética das distribuidoras sejam transferidos para a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).

O Paten prevê que as concessionárias devem aplicar 0,5% das receitas operacionais líquidas em programas de eficiência energética. Os recursos devem ser destinados para custear sistemas de geração de energia em comunidades quilombolas, ribeirinhas, povos tradicionais e comunidades isoladas. Caso as distribuidoras de energia não utilizem essas verbas, os valores são transferidos para a CDE.

Câmara analisa emendas do Senado à regulamentação da reforma tributária sobre consumo

O projeto contou com a relatoria do senador Eduardo Braga (MDB – AM). O texto manteve a isenção de tributos para a cesta básica, como carnes, queijos, arroz, feijão, massas e café, e incluiu a erva-mate nessa lista, na versão do relatório aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), na quarta-feira (11). A proposta também prevê isenção para medicamentos, mas não definiu a listagem deles, que ficou para ser decidida em legislação específica do Ministério da Fazenda e do Comitê Gestor do IBS, ouvido o Ministério da Saúde. Reduziu para 60% a tributação sobre o consumo de biscoitos e bolachas, água mineral e fraldas descartáveis infantis ou geriátricas. Um dos pontos de divergência entre os senadores foi a retirada de armas e munições do Imposto Seletivo (IS).

Educação e trabalho: impactos e desafios da IA para o século XXI

O Centro de Estudos e Debates Estratégicos (Cedes) da Câmara dos Deputados promove uma audiência pública com o objetivo de explorar alguns dos principais impactos da IA na educação, como: personalização do ensino, acesso a recursos, automatização de avaliações e feedback, além da formação contínua de educadores. Os impactos no trabalho abrangem a automação de tarefas, novas oportunidades de emprego e o trabalho híbrido. Alguns desafios a serem enfrentados são: desigualdade na educação, requalificação, ética e privacidade e resistência à mudança. A IA traz tanto oportunidades quanto desafios significativos para a educação e o trabalho. Para maximizar os benefícios e mitigar os riscos, será essencial investir em formação, infraestrutura e políticas que promovam a inclusão e a ética. Confira a lista de convidados e os detalhes desta audiência que ocorre no dia 19/12/2024.

SENADO FEDERAL

Senado define projeto de lei da energia elétrica em alto-mar

O Plenário aprovou, nesta quinta-feira (12), o projeto de lei que autoriza a exploração de energia elétrica em alto-mar (PL 576/2021). A proposta trata do aproveitamento de bens da União para geração de energia elétrica a partir de empreendimento offshore. A principal divergência durante a discussão em Plenário foi sobre a inclusão no texto de incentivos aos setores de gás natural e carvão mineral.

A instituição do marco legal para a exploração elétrica offshore é um avanço importante para a cadeia produtiva nacional. O art. 8º do recém-aprovado Projeto de Lei prevê a fixação de requisitos para promoção da indústria nacional pelo Conselho Nacional de Política Energética, a partir de proposta do MDIC e do MME, para serem atendidos pelos interessados nos prismas energéticos. Com isso, a regulação poderá estabelecer parâmetros que contribuam para o desenvolvimento das empresas nacionais, com a geração de empregos bem pagos e o ganho de complexidade da indústria. É o que se espera e o que se pode obter de melhor para o Brasil a partir da nova fronteira que se abre à nossa frente. O texto segue agora para a sanção presidencial.

Comissão aprova incentivo a empresas que investem em ônibus elétricos

A Comissão de Infraestrutura (CI) aprovou projeto que isenta do Imposto de Renda (IR) e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) os subsídios para eletrificação da frota de ônibus usada no transporte público (PL 1.376/2024). O texto recebeu parecer favorável do senador Efraim Filho (União-PB) e segue agora para a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE). O projeto altera a Lei 14.789, de 2023, com o objetivo de ‘descarbonizar’ a frota de ônibus do país, ou seja, substituir o óleo diesel, que libera gás carbônico e contribui para o aquecimento global, por uma fonte de energia ‘limpa’, reduzindo as emissões de gases de efeito estufa.‹

PEC da Segurança Cibernética avança no Plenário

Conhecida como “PEC da Segurança Cibernética”, a proposta de emenda à Constituição que exige proteção cibernética dos serviços públicos (PEC 3/2020) deu mais um passo na sua tramitação no Plenário nesta quinta-feira (12). A proposta cumpriu sua quarta sessão de discussão em primeiro turno e, depois da próxima, já poderá ser votada.

Segurança cibernética e defesa cibernética são conceitos distintos. A segurança cibernética trata da proteção de sistemas, redes e dados contra qualquer forma de ataque ou acesso indevido. Já a defesa cibernética se relaciona com a defesa da soberania nacional contra ameaças cibernéticas.

Vai à sanção projeto que cria estatal para projetos aeroespaciais

O Plenário do Senado aprovou nesta quinta-feira (12) o projeto que autoriza a criação da Alada, empresa pública brasileira para projetos aeroespaciais. O PL 3.819/2024, de autoria da Presidência da República, será uma subsidiária da NAV Brasil, estatal de serviços de navegação aérea. Vinculada ao Ministério da Defesa, a NAV Brasil foi criada em 2020 para cuidar de serviços como operação de radares e medição meteorológica, antes a cargo da Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). 

Entre suas atribuições, a nova empresa deverá produzir conhecimento sobre navegação aérea e prestar consultoria comercial; gerenciar pesquisa, certificação, produção, comercialização, transferência e suporte logístico de tecnologias; assessorar no registro e atuar na proteção e na representação comercial da propriedade intelectual relacionada e promover ações no Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.

2024 – A consolidação da Nova Indústria Brasil

Com o objetivo de impulsionar a indústria nacional até 2033, o programa Nova Indústria Brasil ou NIB, apresentado através da Resolução CNDI/MDIC nº 1, de 6 de julho de 2023, busca utilizar instrumentos como subsídios, empréstimos com juros reduzidos e ampliação de investimentos federais, além de incentivos tributários e fundos especiais para estimular alguns setores da economia e triplicar a participação da produção nacional no segmento de novas tecnologias. O programa prevê a aplicação de R$ 300 bilhões até 2026.

Os instrumentos financeiros contidos no programa, como linhas de crédito, subvenções governamentais e subsídios, incluindo os incentivos fiscais, são geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pela Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) e pela Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). No Brasil, tivemos um ano importante com a aprovação de marcos legais, como os citados na tabela a seguir:

Medidas Legislativas da Nova Indústria Brasil – NIB
ProgramaLei sancionada ou Projeto de lei
Programa Mobilidade Verde e Inovação – MOVERLei nº 14.902 de 27 de junho de 2024 Regulamento:Decreto nº 12.214, de 9 de outubro de 2024
Marco Legal do Hidrogênio de Baixa Emissão de CarbonoLei nº 14.948, de 2 de agosto de 2024
Programa de Desenvolvimento do Hidrogênio de Baixa Emissão de Carbono (PHBC)Lei nº 14.990, de 27 de setembro de 2024
Combustível do FuturoLei nº 14.993, de 8 de outubro de 2024
Mercado de CarbonoLei nº 15.042, de 11 de dezembro de 2024
Marco regulatório da energia elétrica em alto-mar (eólicas offshore)PL 576/2021 (aguardando sanção)
Programa de Aceleração da Transição Energética (Paten)PL nº 327, de 2021 (aguardando votação das emendas do Senado pela Câmara dos Deputados)
Política industrial para o setor de tecnologias da informação e comunicação e para o setor de semicondutoresLei nº 14.968, de 11 de setembro de 2024
Depreciação acelerada para máquinas e equipamentosLei nº 14.871, de 28 de maio de 2024 Decreto nº 12.175, de 11 de setembro de 2024
Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD)Lei nº 14.937, de 26 de julho de 2024 Regulamento: Resolução CMN nº 5.169, de 22 de agosto de 2024

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Radar Legislativo da Indústria é uma publicação da Assessoria Legislativa da ABDI. Visa divulgar a tramitação e a discussão de proposições e leis de interesse da agência, nos plenários e comissões das Casas Legislativas. Sugestões, artigos técnicos e críticas podem ser enviadas para o e-mail: [email protected]