Seminário reúne especialistas para debater políticas industriais no Brasil e no mundo

Seminário reúne especialistas para debater políticas industriais no Brasil e no mundo

Presidente em exercício, Geraldo Alckmin, participou da abertura do Seminário, realizado com apoio da ABDI, que reuniu especialistas para debater políticas industriais no Brasil e no mundo

Com apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Confederação Nacional da Indústria (CNI) realizaram nesta terça-feira, 6, o seminário “Políticas Industriais no Brasil e no Mundo”, no auditório da CNI.

A abertura do evento contou com a participação do presidente da República em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, do vice-presidente da CNI, Leonardo de Castro, do ministro de Estado da Fazenda substituto, Dario Durigan, e do diretor de Planejamento e Relações Institucionais do BNDES, Nelson Barbosa Filho.

Com o objetivo de promover o debate a respeito das principais tendências em política industrial, o encontro abordou boas práticas de governança e condicionantes que estão sendo adotados no país e no exterior.

Nesse sentido, o ministro Alckmin destacou a relevância de abordar discussões sobre política industrial. E citou a Nova Indústria Brasil (NIB), o Plano de Transformação Ecológica (PTE) e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como iniciativas para retomada do crescimento e desenvolvimento econômico e social do Brasil.

“É extremamente importante discutir política industrial não só no Brasil, mas no mundo todo. Não tem desenvolvimento social, econômico, ganho de renda, salários de melhor valor, se não tiver indústria. A indústria agrega valor e está na ponta da vanguarda tecnológica”, disse.

O vice-presidente da CNI afirmou que o Brasil tem acompanhado o movimento internacional em torno de investimentos em políticas industriais, sobretudo após o lançamento da NIB, em janeiro deste ano.

“O Brasil se reencontrou com a indústria ao lançar a Nova Indústria Brasil. A indústria tem um poder muito grande de irradiar prosperidade em todos os campos, em todas as atividades econômicas. Um país desenvolvido é um país que reconhece a indústria como uma vertente central para seu desenvolvimento. Foram décadas sem uma política industrial e com a NIB, o país voltou a ter uma estratégia estruturante para renovação e fortalecimento do setor industrial. Estamos convictos de que a falta de uma política de estado que apoiasse e valorizasse a indústria brasileira contribuiu para o baixo crescimento do Brasil nos últimos 40 anos”, acrescentou.

Um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI) mapeou mais de 2,5 mil medidas de política industrial, em 2023, em 75 países. Desde 2019, Estados Unidos, Alemanha, Coreia do Sul, China, Japão, Reino Unido e União Europeia anunciaram planos, programas e estratégias que mobilizam mais de US$ 12 trilhões em investimentos e incentivos, priorizando a resolução dos desafios que mais impactam cada nação.

Agro 4.0

Seguindo a linha de desenvolvimento econômico, o diretor do BNDES defendeu o agronegócio como um importante setor para o desenvolvimento e crescimento econômico, isto conciliado a boas práticas ambientais e uso de tecnológica e inovação.

“A indústria em todos os lugares do mundo é a que mais gera mais ganhos de produtividade, não só para si, mas para os outros setores. É um mito achar que existe oposição entre agro e indústria em um país continental como o Brasil. E acho que esse tipo de discussão é muito importante para desfazermos esses mitos. O nosso desafio é conciliar riqueza e recursos naturais com diversificação produtiva para gerar emprego de qualidade, gerar uma economia diversificada capaz de suportar choques internacionais sem gerar muita crise e volatilidade”.

Equilíbrio fiscal

Em sua fala, Durigan ressaltou, dentre outras iniciativas, o novo arcabouço fiscal, a meta de déficit zero e a reforma tributária, como estratégias para o equilíbrio das contas públicas.

“O que temos em um ano e meio de trabalho com o ministro Fernando Haddad são bons resultados na economia. Os resultados não são o que queremos, mas perto do que se esperava, nós fomos surpreendendo. Vamos seguir dando tração a economia da forma como estamos fazendo. Nos últimos dez anos, o Brasil teve déficit primário e o país não viu sucesso seja na política, na economia ou na estabilização das relações sociais. Foram dez anos perdidos para o país, e nós não podemos fazer o que foi feito no passado”, apontou.

Assim como as demais autoridades, Durigan também destacou a NIB como um marco para a retomada do setor industrial do país.

A programação contou com palestras da professora do Institute for Innovation and Public Purpose (IIPP) da University College London, Carlota Perez, e da professora de economia da University of British Columbia e Cofundadora do Industrial Policy Group, Réka Juhász. Além disso, foram realizados dois painéis com os temas ‘Experiências de política industrial verde’ e ‘Mecanismos de governança e condicionalidades da política industrial’.

Política industrial verde

O primeiro painel, que abordou experiências de política industrial verde, contou com a participação do secretário-Executivo Adjunto do Ministério da Fazenda, Rafael Dubeux, do secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira Lima, do professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro João Carlos Ferraz, da diretora de Energia e Descarbonização da Vale, Ludmila Nascimento, e da diretora de Estudos Setoriais do Ipea, Fernanda De Negri, que  falaram sobre como a emergência climática tem afetado cada vez mais a economia e a vida das pessoas. Também foi debatida a necessidade de implementação de políticas industriais voltadas à transformação ecológica, mostrando medidas que têm sido adotadas em outros países, inclusive no Brasil, bem como demandas da indústria, visando o desenvolvimento econômico com baixo impacto ambiental.

Governança e condicionalidade

Participaram do painel ‘Mecanismos de governança e condicionalidades da política industrial’, Roberto Seara Machado, secretário de Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Rafael Lucchesi, diretor de Desenvolvimento Industrial CNI e diretor Superintendente SESIDN, João Paulo Pieroni, superintendente de Desenvolvimento Produtivo e Inovação do BNDES, Ana Costa, vice-presidente de Sustentabilidade, Jurídico, Reputação e Comunicação Corporativa da Natura, e Lia Hasenclever, coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Planejamento Regional e Gestão da Cidade Universidade Cândido Mendes.

Durante o debate, os painelistas falaram como sobre como esses temas estratégicos – governança e condicionalidades – estão sendo conduzidos dentro da Nova Indústria Brasil e suas seis missões, cada uma abordando variados desafios e áreas.

Foto: MDIC