A segunda Sondagem Trimestral sobre Transformação Digital nas empresas brasileiras, com dados coletados em junho de 2022, mostrou que houve maior crescimento nos investimentos em digitalização feitos pelas Micro e Pequenas Empresas brasileiras (MPEs) do que pelo conjunto geral das empresas pesquisadas, que considera empreendimentos de todos os portes.
A sondagem, desenvolvida pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), realiza o levantamento de informações sobre a digitalização das empresas brasileiras de três em três meses, com o objetivo de monitorar, principalmente, a jornada das MPEs rumo à economia digital, para identificar tendências para o curto e médio prazos.
Levando-se em conta empresas de todos os portes, houve evolução favorável, de 3,6 pontos (117,5 para 121,1), no indicador que mede os investimentos realizados em digitalização entre a 1ª e a 2ª coleta de dados da pesquisa. Entre as MPEs, o crescimento foi de 6,2 pontos, passando de 105,0 para 111,2 pontos. O Indicador de investimentos em digitalização é calculado pela proporção de respostas favoráveis (aumento) menos proporção de respostas desfavoráveis (redução) acrescido o valor de 100.
“A necessidade das MPEs em se manterem competitivas pode estar gerando esse aumento nos investimentos em tecnologias e capacitação de profissionais como forma de responder à transformação digital e garantir a sustentabilidade do negócio, ainda que existam incertezas”, afirmou Adryelle Pedrosa, gerente da Unidade de Transformação Digital da ABDI.
O indicador que mede a previsão de investimentos para o 3º trimestre entre as MPEs variou pouco em relação ao trimestre anterior, subindo de 110,1 para 110,8 pontos, o que significa que existem mais empresas que pretendem aumentar investimentos do que diminuir. Considerando as empresas de todos os portes, a previsão para o próximo trimestre é de queda nesses investimentos, com o indicador cedendo 1,0 ponto (de 119,5 para 118,5).
De maneira geral, a pesquisa mostra que 23% das empresas brasileiras aumentaram os investimentos em digitalização contra 19,7% registrado na sondagem anterior. Entre as MPEs, o avanço no 2º trimestre foi maior: 14,1% investiram em digitalização, contra 9,2% verificado na primeira coleta de 2022.
Investimentos por setores
Construção civil, Indústria e Serviços foram os setores em que as empresas (de todos os portes) apresentaram maior evolução no indicador de investimentos em digitalização, com destaque para a Construção. Um total de 15,5% das empresas deste setor, que tradicionalmente é o que menos investe em digitalização, informou ter aumentado os investimentos, contra 5,5% na pesquisa anterior, 10 pontos percentuais a mais. Na indústria, esse percentual cresceu de 20,4% para 25%; no Serviços, de 18,4% para 23%. O comércio, no entanto, registrou retração de 24,7% para 22%.
Entre as MPEs, os setores que mais avançaram no indicador de investimentos em digitalização foram os de Construção (de 104,0 para 109,3 pontos) e Serviços (de 112,6 para 115,9 pontos), enquanto Comércio (de 114,4 para 108,3 pontos) e Indústria (de 114,6 para 107,7 pontos) apresentaram retração.
Nas perspectivas de investimentos das empresas (de todos os portes) para os próximos meses, o índice recuou ligeiramente. A proporção de empresas dizendo que vai aumentar os investimentos diminuiu entre o 1º e 2º trimestre de 20,6% para 19,7%. As expectativas são favoráveis apenas nos setores da Construção e de Serviços: a proporção de empresas que pretendem aumentar seus investimentos em transformação digital subiu de 7,1% para 14,8% e de 17,9% para 19,1%, respectivamente.
Nas MPEs, os setores que apresentam maior crescimento na intenção de investir no 3º trimestre são Construção e Serviços, com avanço nos indicadores de 106,5 para 109,7 pontos e de 111,1 para 114,2 pontos, respectivamente.
Investimentos por segmentos (empresas de todos os portes)
No 2º trimestre de 2022, os cinco segmentos que apresentaram evolução positiva no indicador de investimentos em digitalização são dos setores industrial e Construção. Na Indústria, o segmento do vestuário avançou de 102,3 no 1º trimestre para 151,6 pontos no 2º trimestre. O farmacêutico, de 106,8 para 135,0 pontos, e, celulose e papel, de 117,0 para 142,9 pontos.
O fator em comum entre esses segmentos é a percepção das empresas de aumento da demanda externa no 2º trimestre, o que pode ter influenciado favoravelmente na decisão de investir. No setor da Construção, o segmento de obras de montagem avançou de 100,0 para 120,0 pontos, e obras de instalações, de 99,4 para 118,7 pontos.
Por outro lado, os cinco segmentos com maior retração nos investimentos no 2º trimestre foram, na Indústria, os minerais não metálicos (caindo de 129,8 para 108,3), couros e calçados (de 154,9 para 142,2) e limpeza e perfumaria (de 128,0 para 115,7). No setor de Serviços, houve queda no segmento de alojamento (de 129,7 para 115,3) e outros serviços de informação e comunicação (de 126,8 para 114).
Os segmentos que mais investiram no 2º trimestre são aqueles que mais pretendem investir no 3º trimestre: celulose e papel (de 118,1 pontos no 1º trimestre para 147 pontos, no 2º trimestre), obras de acabamentos (de 93,5 para 112), e obras de montagem (de 100 para 112,7). Destaca-se também o segmento de produtos de metal (de 112,5 para 130,7) e veículos automotores (de 106,1 para 118,9).
Quesitos especiais
A sondagem também indicou que mais da metade das empresas brasileiras afirmam ter funcionários contratados e/ou terceirizados para desempenhar as atividades ligadas ao uso de tecnologias. Um total de 82,5% das empresas do setor empresarial indica que possui profissionais na área de uso de software de gestão, enquanto 77,6% delas afirmam ter funcionários para uso de software de gerenciamento de clientes. Para as demais atividades, os respondentes dizem ter funcionários nas áreas de digitalização de processo (75,6%), análise de dados (80,1%), vendas on-line (52,6%), postagens em redes sociais (76,1%) e contatos com clientes em mídias sociais (70,2%).
Ainda segundo a sondagem, as empresas dos segmentos do vestuário (71%), limpeza e perfumaria (52%), alimentos (42%), bens não duráveis (38%), e setor farmacêutico (30%) responderam que devem contratar serviços/funcionários na área de análise de dados, para os próximos seis meses. Para serviços em mídias sociais, a pretensão de contratação é, novamente, do setor de vestuário (71%), do farmacêutico (43%), de bens não duráveis (31%), de alimentos (29%) e de outras atividades e serviços (23%). Em digitalização de processos, temos limpeza e perfumaria (52%), vestuário (50%), alimentos (38%), máquinas e materiais elétricos (33%) e, por fim, celulose e papel (30%).
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