Estamos rodeados de câmeras (em todos os cantos e esquinas). Esses robozinhos monitoram a vida das pessoas 24 horas por dia e a sensação de segurança é inegável, né?! Mas… Será que estão usando as imagens, em tempo real, de forma produtiva e eficiente? Vamos aprofundar a pergunta: você acha que um determinado comportamento poderia ser categorizado por uma câmera? Daria para evitar um assalto, por exemplo, só pelos trejeitos de uma pessoa na filmagem?
Essas perguntas são mais fáceis de serem respondidas quando o assunto é Inteligência Artificial (AI, sigla em inglês). Isso porque a multinacional especialista em tecnologia, Intel, lançou uma plataforma open source (ferramenta customizável) de visão computacional chamada “OpenVino”.
A nova tecnologia utiliza recursos de hardware (como CPU, GPU, aceleradores) e Inteligência Artificial para fazer processamento de vídeo em tempo real. Segundo o engenheiro e representante da Intel, Jomar Silva, com quem conversamos na Campus Party 12/SP, a novidade muda completamente a forma como o streaming de vídeo é tratado hoje. “Precisamos sair de uma posição reativa e começar a usar os vídeos em tempo real. Usar para prever”, alerta o engenheiro.
Explicando melhor
As aplicações do OpenVino são diversas. No setor da indústria, por exemplo, vai desde a área de segurança operacional a identificar o uso de equipamentos de segurança, bem como fazer monitoramento de maquinário, logística de deslocamento e, principalmente, testar a qualidade da produção. Segundo o engenheiro, os ganhos também são enormes na área agrícola – como detectar pragas em lavoura, classificar produtos (como as carnes). “Tudo que se faz a olho nu, você consegue fazer mais rápido e de forma mais eficiente com o sistema computacional”, ressaltou.
Hoje, já existem tecnologias em que o computador consegue enxergar com muito mais precisão do que um olho humano (e com alta velocidade). “O que a gente consegue fazer na área de controle de segurança pública, por exemplo, é absurdo, desde detectar tumultos, pessoas sacando arma, identificar procurados pela justiça (com reconhecimento facial)”, completou.
Já aconteceu!
De acordo com informações da Agência Brasil, um homem, que vinha sendo procurado desde julho de 2018, foi capturado, em Salvador, graças à uma tecnologia baseada em Inteligência Artificial implantada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia. O flagrante aconteceu no Carnaval deste ano enquanto o jovem folião aproveitava os blocos de rua.
Para o engenheiro da Intel, hoje, uma das grandes dificuldades é como os dados coletados são trabalhados. “Essa ferramenta tem a capacidade de processamento na ponta. Antes, tínhamos que transmitir uma quantidade enorme de dados para um data center, fazer o processamento e voltar. Hoje, você tem capacidade de fazer isso no ato, inclusive dentro da própria câmera”, explicou.
A inovação é um caminho sem volta
Para Jomar, as câmeras precisam ser usadas de forma adequada. “Isso vai melhorar a segurança, baixar os custos, aumentar a produtividade e nós vamos encarar melhor os desafios do Brasil”, afirmou o engenheiro.
Para ele, a visão computacional da ferramenta nada mais é que a fusão de três grandes tecnologias:
1 – A arquitetura da Internet das Coisas – que permite você fazer a comunicação e a distribuição de dados de forma eficiente;
2 – Visão computacional – captura de dados.
3 – O poder da Inteligência Artificial – processamento das informações.
É bom para o Brasil
A parte mais interessante dessa tecnologia é ser um software. A necessidade aliada à criatividade vai deixar a ferramenta do jeito que o usuário precisa. “Fica aqui o meu alerta para a área da indústria, principalmente. E o que vai fazer a diferença é o talento que o brasileiro tem por natureza. Vai ser bom para o País, para os desenvolvedores, todo mundo ganha”, completou o engenheiro. A ferramenta está disponível no site da Intel e pode ser baixada facilmente.
Exemplo dentro de casa
A ABDI tem trabalhado com tecnologias de Inteligência Artificial, como esta da Intel. Os “testbeds” são plataformas demonstradoras de tecnologias avançadas da indústria 4.0 para validação e construção de business cases por meio do uso de imagens – e outra tecnologias também.
Ao todo, são 10 business cases espalhados pelo Brasil com investimentos da ABDI na ordem de R$ 3 milhões. O objetivo é validar tecnologias como a Inteligência Artificial e visão computacional (dentre outras) para testar e mostrar a otimização dos processos produtivos e os retornos consideráveis para a área da indústria. Dentre esses, nove otimizam processos por meio da Inteligência Artificial e visão computacional.
A lista abaixo mostra quais os projetos em que a ABDI vai implantar os testbeds pelo País. Dentre eles, o único que já está em operação é o da Universidade de São Paulo, onde foi desenvolvido uma Fábrica do Futuro 4.0, com a utilização de um “produto exemplo”, servindo de base para testar e aprimorar tecnologias em projetos de automação, robótica, inteligência artificial, dentre outras tecnologias.