Um tsunami que está por vir

Um tsunami que está por vir

Estudo realizado pela ABDI revela como está o mercado de Data Centers no Brasil, cenários e perspectivas, para atender à revolução tecnológi

“Se a gente quer ter carro autônomo, transporte de mercadorias por drone, cidades totalmente inteligentes, não é possível imaginar esse contexto sem que seja implementada a computação de borda”. A avaliação é do diretor geral da Frost & Sullivan no Brasil, Renato Pasquini, durante o primeiro Webinar ABDI de Transformação Digital sobre o Mercado de Data Centers no Brasil, realizado virtualmente, em 1º de fevereiro. 
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Pasquini apresentou os resultado do Mapeamento das Oportunidades para Atração de Data Centers no Brasil, que foi coordenado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)  e executado pelo consórcio Prospectiva e Frost&Sullivan, em parceria com o Ministério da Economia.
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De acordo com ele, o cenário atual revela que muitos decisores de tecnologia não perceberam ainda as mudanças acontecendo e, mais, que a tecnologia que viabiliza essa revolução é a parte de edge computing ou computação de borda. “Não estão enxergando ainda o tsunami que está por vir e a demanda que vai explodir após 2023 quando o edge computing será uma presença bem relevante e a maior demanda das empresas”, explicou.

O cenário atual revela que “são esperados investimentos relevantes entre 2022 e 2024 e, claro, políticas públicas e incentivos para esse mercado específico podem não só aumentar a oferta de Data Centers nessas regiões como permitir que cresçam mercados no interior do país mais descentralizados e que o Brasil avance na questão do 5G”, afirmou Pasquini. 

O Mapeamento da ABDI revela como está o setor de Data Centers (DC) no Brasil, suas perspectivas e seus obstáculos de crescimento. Foram ouvidos 50 dos principais demandantes de serviços de Data Centers no país para entender os desafios, e mapear direcionadores e restritores de crescimento do setor. O documento traz as oportunidades relativas ao mercado e considera seus players e consumidores finais.

“Houve aumento grande da demanda, tanto de processamento quanto de armazenamento de dados no Brasil e a pandemia acelerou esse processo. Os players de computação em nuvem, de Data Centers, conseguiram suportar essa demanda com investimentos maciços no mercado brasileiro”, segundo o consultor da Frost&Sullivan.

Pasquini lembrou que a pandemia promoveu uma adesão muito grande da população a serviços digitais “seja para entretenimento, para trabalhar e se comunicar, pedir comida. A bancarização aumentou muito e o próprio comercio eletrônico, que, em 2020, aumentou 41%“, disse. Esse crescimento é o maior em termos percentuais no mundo.  No geral, a infraestrutura existente no Brasil deu conta dessa aceleração do uso na pandemia de acordo com Pasquini.

O estudo mostra que é visível a adoção maciça de cloud computing, onde aplicações modernas, sites de comércio eletrônico, estão migrando para plataformas mais avançadas de computação em nuvem. “A gente espera que essa demanda chegue a 50% da infraestrutura total rodando em nuvem pública no país fora do Data Center interno da empresa ou do governo, e, sim, num DC externo para poder ter maior segurança, redundância e confiabilidade”, explicou.

Ao comparar a banda instalada em interconexão em DC nas quatro principais regiões metropolitanas da América Latina, o mapeamento indica São Paulo como um dos principais centros no mundo em termos de troca de tráfego seja para internet ou DC, superando os 600Tb por segundo.

O crescimento da capacidade de largura de banda instalada de interconexão em São Paulo cresceu 34%. No cenário de Covid, houve uma escalada dos investimentos para suportar a demanda do mercado que, praticamente, dobrou e deve continuar acima de 50% até 2023, de acordo com o estudo.  “Isso vai certamente demandar novos investimentos em Data Centers para que possam suportar procura crescente do mercado”, esclareceu.

De acordo com o mapeamento, 92% dos usuários finais já possuem serviço de armazenamento de dados contratado e uma parte pretende investir nos próximos anos. Entre as principais motivações para contratação de serviços de DC estão a otimização de performance de computação de armazenamento (52,9%), redução de riscos aos negócios (37,3%) e a ajuda no armazenamento de grandes ou crescentes quantidades de dados (27,5%).

Entretanto, apenas 19,6% dos entrevistados disseram que dados empresariais não sensíveis são mantidos completamente em infraestrutura de terceiros; 45,1% mantêm, parcialmente, os dados em terceiros, e 33,3%, in house. “Os usuários finais de alguma maneira não conseguem ainda olhar para frente em termos das aplicações que vão surgir e mudar um pouco a dinâmica. De alguma maneira, eles já estão atendidos entre o que é oferecido e o que eles acham que vão precisar nos próximos dois anos. Eles podem estar um pouco míopes em termos do que pode estar surgindo. Está crescendo lá fora, e, no Brasil, não será diferente”, disse Pasquini.

O mapeamento aponta ainda que latência é um fator desconhecido para 21,6% dos entrevistados ou não importante para suas aplicações de missão crítica. Na hora de escolher um local para um DC, a pesquisa revelou que, para a grande maioria dos usuários finais, a proximidade não importa (78,4%) e, nesse caso, não há uma preferência para um local específico (62,7%). Apenas 19,6% relataram que deveria ser no mesmo país.