A segunda edição do Mapa da Digitalização das Micro e Pequenas Empresas Brasileiras, pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e a Fundação Getúlio Vargas (FGV), mostrou que as práticas de uso das tecnologias habilitadoras para a digitalização das MPEs registraram crescimento considerável. Uma delas foi o acesso à banda larga, que saltou de 69% em 2021 para 79% em 2022. A pesquisa apontou ainda um discreto aumento na maturidade digital desses pequenos negócios, com pontuação de 41,47 em 2022 contra 40,77 em 2021.
Práticas de back-up e armazenamento de dados também registraram um alto crescimento. Em 2022, 55% das empresas respondentes afirmaram ter rotinas de back-up de dados formalmente estabelecidas. Em 2021, eram apenas 38%. “Website com funcionalidades interativas” e “Ferramentas de personalização da experiência” saltaram de 27,5% e 14,9% respectivamente em 2021 para 34,3% e 38% em 2022 como práticas “implementadas” pelas empresas.
Para a gerente da Unidade de Transformação Digital da ABDI, Adryelle Pedrosa, os resultados mostram que as empresas estão avançando na agenda da transformação digital à medida que implementam novas práticas digitais em seus negócios. “Ajudar as empresas a aumentar o uso dessas tecnologias habilitadoras é uma estratégia que, muito provavelmente, irá se reverter no aumento do nível de maturidade digital de seus negócios”, afirmou.
A única tecnologia habilitadora que não demonstrou crescimento foi o desenvolvimento de prática omnichannel para o cliente. Enquanto em 2021, 21,2% das empresas não implementavam a prática, agora em 2022 esse número saltou para 51,6%. Segundo Adryelle, esse recuo pode ter relação com a reabertura dos negócios depois da pandemia e o retorno ao funcionamento presencial. “Para as micro e pequenas empresas, a tarefa de se manter ativa nos dois universos, físico e digital, se torna bem mais complexa.”
Embora tenha representado a melhor pontuação entre os setores, o de serviços teve leve queda em relação à pontuação de 2021, quando registrou 43,73 pontos de maturidade digital. Este ano a pontuação foi de 41,66. Ainda assim, maior do que a média nacional. Já o setor de comércio apresentou a maior evolução no período, saltando de 36,75 para 39,53 pontos.
As maiores pontuações continuaram sendo registradas em dois dos cinco objetivos: “Inovar mais rápido e colaborativamente” e “Conectar e engajar clientes” com pontuações de 46,87 e 43,30 respectivamente. A dimensão “Estabelecer novas bases de competição” registrou o maior crescimento no período, saltando de 35,01 pontos em 2021 para 41,95 pontos em 2022.
“Usar a rede de parceiros e fornecedores para inovar” permanece como a prática mais adotada pelas empresas, sendo implementada por 55,4% das respondentes. Por outro lado, “Participar de plataformas de negócios” continua sendo a prática menos implementada pelas empresas: 75% das respondentes não adotam.
A dimensão “Estabelecer novas bases de competição” foi a que mais se desenvolveu entre as empresas pesquisadas. O processo de retomada econômica e a necessidade de recuperar o faturamento perdido podem ter influenciado esse resultado. “Participar de plataformas de negócios”, apesar de ainda ser a prática menos implementada pelas empresas, saltou de 7,2% em 2021 para 14,3% em 2022, e “Acessar especialistas em ICT” passou de 29,5% em 2021 para 45,5% das empresas em 2022.
Dentro do objetivo “Inovar mais rápido e colaborativamente”, a prática “Criar um ambiente que encoraje a tomada de risco e a inovação” apresentou um crescimento expressivo, passando de 35,4% de empresas que afirmaram implementar esta prática em 2021 para 49,5% em 2022.
Resultados do primeiro levantamento do Mapa
A primeira rodada da pesquisa, realizada no ano passado, revelou que 66% das MPEs estavam nos níveis 1 e 2 de maturidade digital, sendo 18% analógicas (nível 1) e 48% emergentes (nível 2). Só 3% eram consideradas líderes digitais (nível 4), e 30% estavam na etapa intermediária (nível 3). Nesta rodada, a distribuição das empresas brasileiras, por categorias de maturidade digital, se manteve estável com 66% das empresas nos níveis 1 e 2 de maturidade digital, sendo 19% empresas analógicas (nível 1) e 47% emergentes (nível 2). O destaque se deu no crescimento registrado nas práticas de uso das tecnologias habilitadoras para a digitalização, como demonstrado acima.
A pesquisa tem o objetivo de conhecer como as micro e pequenas empresas nacionais estão atuando na digitalização de seus negócios e em que nível de maturidade digital se encontram, a partir da mensuração do grau de implementação de um conjunto de 25 boas práticas digitais e da utilização das tecnologias habilitadoras a esse processo.
Fizeram parte da amostra 1701 micro e pequenas empresas nacionais, de todas as regiões do Brasil: 385 empresas do setor industrial, 705 empresas do setor de comércio e 611 do setor de serviços. Destaque para empresas com mais de dez anos de atuação, que representaram 43,9% da amostra, e MPEs das regiões Nordeste e Sudeste, com 29,3% e 23,6%.
O Mapa da Digitalização das MPEs Brasileiras é uma iniciativa do projeto Jornada Digital, da ABDI, que tem o objetivo de apoiar as micro e pequenas empresas brasileiras na transição de seus processos tradicionalmente analógicos para os digitais. O Jornada Digital oferece às MPEs o caminho para que empresas possam alinhar as estratégias e objetivos dos seus negócios às boas práticas digitais, por meio do uso adequado de ferramentas e tecnologias digitais, disponíveis no mercado e de baixo custo.
O projeto da ABDI oferta um passo-a-passo com as soluções que poderão ser adotadas por cada empresa, a depender de seu estágio, especificidades e necessidades próprias. A partir da identificação do estágio em que a empresa está, são apresentadas recomendações adequadas para ajudá-la na estruturação de estratégias de digitalização.