Youtuber mostra como analisar Big Data com criatividade

Youtuber mostra como analisar Big Data com criatividade

Matthew Patrick aprimorou seus conteúdos a partir dos dados e obteve sucesso com startup de canais na rede

Aliar criatividade à análise de dados pode ajudar a tornar o processo mais interessante e proveitoso. Essa foi a mensagem principal do Youtuber Matthew Patrick, conhecido na rede como Mat Pat, um dos palestrantes magistrais da Campus Party 12, em São Paulo.

Com 11 milhões de inscritos em seu canal “Game Theorists” e sete milhões no “Film Theorists”, Matthew demonstrou parte do processo analítico que ele aplica diariamente. Com o Big Data, ele conseguiu compreender melhor seu próprio público e quais elementos visuais explorar, seja no conteúdo ou na divulgação dos vídeos.

Essa combinação surgiu das duas especialidades que Mat Pat adquiriu na faculdade: teatro e neurociência, que combinadas com a apreciação de temas nerds, resultou no sucesso.

“Essas duas coisas não parecem se mesclar bem, mas numa rotina diária, eu uso constantemente essas duas metades do meu cérebro para ajudar a determinar como podemos criar novos shows, como estruturá-los e como interagir melhor com o público no dia a dia”, comentou Matthew, em entrevista ao Portal da ABDI.
Além da análise de Big Data, também conversamos com ele sobre inovação, Realidade Virtual e Aumentada e o caminho do sucesso para startups em fase inicial. Confira:

Qual a sua impressão sobre a Campus Party e sobre o quê você veio falar?

Mat Pat – A Campus Party é toda sobre essa fusão interessante de diferentes interesses, todos no mesmo lugar. Você tem uma parte dedicada aos criadores, outra para gamers, para pessoas criativas, para aquelas do mercado. Então, na minha apresentação, eu quis incluir algo que falasse da fusão que nós fazemos diariamente no YouTube entre criatividade e dados.

Eu tenho um background curioso, tenho um em teatro e outro em neurociência. Essas duas coisas não parecem se mesclar bem, mas numa rotina diária, eu uso constantemente essas duas metades do meu cérebro para ajudar a determinar como podemos criar novos shows, como estruturá-los e como interagir melhor com o público no dia a dia.

Então a apresentação aqui é muito sobre como usar essa base de dados aliada à criatividade, para melhorá-la, mas também como a criatividade torna os dados mais legais e interessantes, e como isso se relaciona ao ecossistema de vídeos digitais que temos hoje.

Honestamente, essa é uma das coisas com as quais eu sou apaixonado, com essa ideia. Para nós, como criadores, é muito assustador olhar para os dados. Matemática é algo com a qual muitos criadores não se sentem confortáveis. É uma daquelas coisas que você, tipo, está tão enrolado com os dados que se produzem e com a produção dos vídeos que não temos tempo de analisá-los. Mesmo que tivesse tempo, chegaria ao ponto de se perguntar: “E daí, o que eles significam e como aplicá-los ao que faço na minha rotina?”.

Então se eu puder ajudar a aliviar um pouco essa complicação, ou se puder transmitir minha experiência e ajudar as pessoas a entenderem um pouco melhor como esses dois mundos combinam, todos se beneficiam. Você se desenvolve para fazer vídeos melhores e os espectadores ficam ansiosos para ver que tipo de material novo você vai publicar.

Você trabalha muito com um processo de inovação para criar a base das suas “teorias” nos vídeos. Como esse processo funciona para você? Como lidar com a inovação na rotina?

Uma das coisas que considero muito importante para o que eu faço, e também para qualquer um, em qualquer trabalho, é: seja uma pessoa completa e tente imergir no máximo possível de coisas e temas. Isso te torna mais bem rodado e fundamentado no seu trabalho criativo online, ou no seu emprego diário num escritório, por exemplo.

Isso expande a sua mente e te ajuda a pensar de forma criativa, de formas que você nunca pensou antes. Por exemplo, eu sei que uma boa parte da Campus Party é dedicada a produtos em VR (sigla de Realidade Virtual em inglês) e a testar novidades em experiências 360º, VR headsets, Realidade Aumentada e coisas do tipo. Todo esse ecossistema te oferece inúmeras maneiras novas de contar histórias que nunca estiveram disponíveis antes. Imergir pessoas em personagens, em papeis e mundos com um nível fidedigno que não existe nos modos de storytelling 2D tradicionais.

Para mim, como criador, isso é algo que eu vejo e começo um brainstorm sobre formas divertidas e interessantes de brincar com os temas. Isso é o mais importante. Sim, é um emprego para muita gente, e sim, é um emprego para mim, mas é importante manter esse espírito de curiosidade intelectual, de ficar animado com “brincar” por aí com um “brinquedo novo” como um VR headset, ou um drone, e ver onde os limites existem, o que podemos fazer e como superá-los. Como resultado, o mundo evolui, se expande e fica mais criativo.

Como você analisa as mudanças que tecnologias como Realidade Virtual, Realidade Aumentada, Big Data e Internet das Coisas podem trazer para a indústria de entretenimento, com jogos melhores.

Acho que o termo “games melhores” é bem interessante, porque o que estamos vendo é uma segmentação mais granular do que os videogames têm a oferecer. Por exemplo, você pode gostar muito de indie games, mais obscuros, com gráficos muito bonitos. Parabéns! Existem milhares desses na Steam, dos quais você pode aproveitar todo dia.

Outras pessoas gostam mais de experiências compartilhadas onde, sim, o jogo é importante e divertido, mas o melhor é curtir elas com os amigos, e nisso você tem “Fortnite” e “PUBG (Playerunknown’s Battlegrounds). Outras pessoas curtem muito mais as experiências épicas e cinematográficas de storytelling e as grandes empresas oferecem isso com as histórias que elas contam. VR e AR (sigla em inglês para Realidade Aumentada) vão apenas abrir novos segmentos para tudo isso. Elas vão substituir os novos formatos? Não. O que eu acho que elas estão fazendo é criar novos mecanismos de storytelling que te possibilitam a engajar com games e narrativas de formas completamente diferentes.

Uma geração de pessoas que talvez nunca pensou: “Uau! Se eu colocar o headset, eu entro no corpo dessa personagem. Esse é o meu tipo preferido de experiência de games”. Você vai ver muito mais pessoas expostas a isso… é como se a gente descobrisse um novo “sabor” de videogame. Como quando você está comendo e pensa: “Nossa! Olha, algo que eu nunca provei antes e eu adorei”, ou então, “isso não é para mim”.
Você vai achar pessoas muito empolgadas com a novidade de jogar com VR e AR, e também gente que pensa: “Quer saber? Prefiro o tradicional com controle, ou controles de movimento”. Há algo para cada um e acho que essa é a beleza dos games, e também da era digital em geral.

Se você gosta mais de técnicas de costura mais discretas, há vídeos online com os quais possa engajar. Se gosta de jogos menos famosos, tem isso também. Há algo para cada gosto e isso que é divertido.

A ABDI trabalha muito com startups e na conexão delas com grandes empresas. Você também começou com um tipo de startup. Qual o seu recado para quem está iniciando a própria startup?

Meu conselho é que a primeira coisa que se deve fazer é se assegurar do cenário que você vai encarar. Acho que muitas pessoas ficam muito empolgadas com a própria ideia, ou produto, ou show online, o que seja, mas não dedicam tempo para realmente entender o mundo em que elas se enfiaram.

Isso já existe? De que forma? Quem está fazendo algo similar perto de você? Você vai se diferenciar o suficiente para realmente ser bem-sucedido? Ou seria melhor trabalhar com alguém já estabelecido, ajudar e crescer todos juntos? Fazer isso ajuda a ter certeza do futuro e do sucesso, qualquer que seja a empreitada, ou ajuda a prevenir muito esforço em vão, entrando em áreas que talvez já tenham sido preenchidas.

A partir daí, seja paciente com isso. Seja diligente e trabalhe duro. Nós começamos os canais com o lema: “não espere lucrar com o blog”. Fizemos apenas para um currículo de atividades, para que eu pudesse arranjar um emprego. Na época, ser youtuber não estava na cabeça de ninguém. Ninguém poderia imaginar.

Tivemos sorte de conquistar sucesso, mas foi apenas através de paciência, trabalho duro e constante interação. Não tenha medo de falhar. Não tenha medo de aprender com os erros. Não encare como falhas, mas sim como oportunidade de aprendizado.