A rede 5G tem potencial de beneficiar todos os setores econômicos e levará as sociedades atuais para a economia 4.0. A afirmação foi feita pela assessora da Presidência da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Marcela Carvalho, durante o evento on-line FIEE Talks “Redes Privadas em 5G para o avanço da Indústria 4.0”, promovido pela Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) e a Feira Internacional da Industria de Elétrica, Eletrônica, Energia, Automação e Conectividade (Fiee), nesta quinta-feira (10/12).
Mediado pelo gerente de Tecnologia e Política Industrial da Abinee, Israel Guratti, o evento teve como objetivo debater o impacto das redes privativas (ou privadas) em 5G para o aumento da eficiência e produtividade dos negócios. As redes privativas são um formato de uso no qual a indústria tem acesso direto ao espectro, sem interferência de operadoras de telefonia. Com o 5G, o uso de redes privativas confere à indústria maior capacidade de operação, uma vez que a nova tecnologia permite maior confiabilidade e baixíssima latência.
“O 5G e as redes privativas chegam com essa função de fornecer à indústria a estrutura necessária às mudanças que vão revolucionar o processo produtivo”, disse Marcela.
O gerente de vendas Smart Grid Telecom da Siemens, Sergio Sevileanu, que também participou do debate, concordou: “o principal ponto hoje é o advento da rede privativa”, disse, ao explicar que a rede pública, operada pelas empresas de telefonia, naturalmente, não priorizam o dia a dia da produção, porque têm como foco levar o sinal para os consumidores. “Na agricultura, por exemplo, não há priorização para dar cobertura à lavoura”, disse. “O grande avanço é a rede privativa”, afirmou, acrescentando que “o 5G viabiliza a transformação digital”.
O gerente de Espectro, Órbita e Radiodifusão da Anatel, Agostinho Linhares, um dos convidados a palestrar, expôs o trabalho da Anatel de estudo dos modelos de licenciamento das faixas de espectro para aplicações que utilizam redes privativas. Segundo ele, “a Anatel está atuando para dar acesso ao espectro, com operação livre de interferência”.
Acordo ABDI-Anatel e as redes privativas
A ABDI e Anatel firmaram, no dia 12 de novembro, acordo para a realização de testes do uso empresarial de redes privativas de tecnologia 5G. O objetivo é verificar o desempenho das redes em diferentes faixas de frequência, para que as empresas possam operar a tecnologia 5G, de forma privativa, em suas áreas de produção.
Marcela ressaltou durante o evento que o acordo decorreu de um trabalho intenso no qual a ABDI organizou e sistematizou as demandas do setor produtivo em relação ao 5G. Essa atuação, junto ao governo, entidades empresariais e Anatel resultou no acordo. A parceria prevê a análise em três ambientes (industrial, cidades e agronegócio). O primeiro teste piloto será realizado com o Grupo WEG.
O diretor executivo da WEG/V2COM, Guilherme Spina, participou do debate e explicitou como serão feitos os testes. “Vamos criar um ambiente real na manufatura para desenvolver as capacidades de uso das redes privativas”, disse. Spina também destacou as vantagens da rede 5G, afirmando que a tecnologia permite maior flexibilidade e versatilidade, que podem impulsionar soluções para aplicações industriais em diversos níveis.
Presente ao evento, Francisco Soares, diretor da Comissão de Internet das Coisas da Abinee, enfatizou que a entidade já defende o uso de redes privativas há um tempo. E destacou a importância da integração de tecnologias de conectividade para a Indústria 4.0.