O assessor Especial da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), André Rauen, participou na quinta-feira (21/09), no Instituto Serzedello Corrêa, do Tribunal de Contas da União (TCU), do Fórum de Especialistas “Instrumentos de Compras Públicas: Como Escolher“. O debate, seguido à tarde de apresentação da analista da Agência Lanna Dioum sobre inovação, integrou a programação do Seminário “Compras Públicas – Boas Práticas, Inovação e Controle“, promovido pelo TCU em parceria com a ABDI, em Brasília.
Ao tratar dos diferentes instrumentos disponíveis ao gestor público para compras tecnológicas, Rauen destacou o amadurecimento dos mecanismos envolvidos na aquisição de encomendas de inovação, a superação de resistências e de aversão ao risco. “Esse cenário é prova de que a gente tem segurança jurídica, que a gente tem comunidades de prática”, observou. Segundo ele, o momento atual, no entanto, é de maior complexidade e necessidade de calibragens.
“A gente está fazendo uma coisa de vanguarda. O que a gente fizer aqui vira vacina no braço das pessoas, vira aplicativo do Detran, vira a carteira digital, vira o Pix. Vira um artefato que muda a vida das pessoas. Vira qualidade de vida”, disse, em incentivo à continuação da execução desses instrumentos.
Desequilíbrio
Para Rauen, um desequilibrio no uso de instrumentos de compras tecnológicas pelo Estado, como Contrato Público para Solução Inovadora (CPSI), Concurso para Inovação e Diálogo Competitivo, porém, merece ser ajustado. Os instrumentos, destaca, foram criados para fazer a tradução do interesse público, do interesse da academia e do interesse do setor produtivo. Em relação a este último, porém, o assessor especial diz haver espaços a serem preenchidos com maior participação do setor privado.
“A empresa privada precisa fazer parte desse debate”, alertou. “Em qualquer lugar do mundo em que se fala de compras públicas de inovação, o setor privado está junto do debate. Por quê? Quem produz bens e serviços que satisfazem nossas necessidades não é o Estado, são as empresas privadas.”
Segundo o assessor da ABDI, esse equilíbrio – Governo, Academia, Privado – é fundamental, uma vez que os instrumentos para compras foram pensados para o desenvolvimento, a introdução e a difusão de inovações. “O problema do desenvolvimento brasileiro é complexo demais para não se ter equilíbrio no uso desses instrumentos”, salientou. “Se eu não entender como funciona o mercado, se eu não fizer as escolhas corretas, se eu não for falar com as empresas, eu vou fazer um edital vazio”, projetou. “Ao entender o mercado, eu traciono a economia”.
Boas práticas
A analista de Produtividade e Inovação da ABDI, Lanna Dioum, encerrou a participação da ABDI na tarde do segundo dia do seminário. No Painel de Experiências, sob o tema “Inovação Aberta para Compras Públicas”, Dioum falou do papel da ABDI de conectar startups e indústrias para gerar inovação e das 324 novas tecnologias adotadas no âmbito da atuação da Agência. Tratou, ainda, das boas práticas necessárias para se identificar a oportunidade de gerar inovação com bons resultados, também, nas compras públicas.
“A inovação começa com um problema. E a gente tem que olhar o conhecimento em volta para ver aonde está indo esse conhecimento, porque eu tenho que enxergar para onde o mundo está indo. Eu não posso olhar só para a tecnologia, nem só pro meu problema, porque eu tenho que olhar em volta”, explicou.
De forma semelhante às observações de Rauen, a analista destacou a necessidade de se dar atenção a um dos atores envolvidos no processo como fator fundamental para a produção de inovação – no caso, a parte afetada pelo problema.
“Se eu tenho que resolver o problema de um posto médico do interior, que envolve as pessoas, como que eu vou entendê-lo se eu não converso com quem sofre o problema?”, exemplificou. “Você tem que falar com quem é afetado. Porque só ele é que vai te dar o insumo que você precisa para contratar uma solução”, disse. Dioum acrescentou, ainda, a importância de soluções inovadoras gerarem o maior valor possível com o menor esforço possível. “Isso é um princípio da startup”, completou.