Decreto BIM- a construção civil em 3D

Decreto BIM- a construção civil em 3D

Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná saíram na frente na adoção da tecnologia BIM e figuram como regiões promissoras

O decreto 10.306/2020 que torna obrigatório o uso da metodologia BIM (Building Information Modeling), a partir de janeiro de 2021, nas obras públicas acelerará o desenvolvimento da tecnologia no Brasil. Embora a metodologia seja usada, de forma incipiente no país, desde o início dos anos 2000, as universidades ainda não formam profissionais nessa metodologia de forma ampla. 

Mestre em arquitetura com ênfase em BIM e diretor do escritório Sena Arquitetura BIM, Paulo Sena falou com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) sobre o tema e destacou as transformações que o BIM poderá provocar no mercado. Segundo ele, “passar de 2D para o 3D já é um grande desafio”. 

Estamos falando de mudanças na estrutura das informações geométricas, no tempo de construção e no tempo de manutenção. De acordo com a avaliação de Sena, que é um entusiasta da tecnologia, com a adoção do BIM, as obras terão mais precisão, maior transparência e metodologias claras de avaliação. Confira a entrevista.

Do ponto de vista do mercado privado, qual a sua avaliação sobre o decreto? 
O impacto do BIM no Brasil já vem acontecendo há algum tempo, desde 2018, e o decreto 10.306/2020 só oficializa esse movimento. O ano de 2019 foi praticamente um ano preparatório para o decreto. Nesse sentido, as consultorias são muito importantes, pois já há um aprendizado absorvido. Agora, estamos caminhando para a fase da prática e esse movimento está bem nítido.

As universidades estão preparadas para essa nova demanda?
Como as universidades ainda não têm a disciplina formal nas grades, os estudantes e até os profissionais que atuam no mercado estão buscando se capacitar de outras formas. Devido a essa lacuna na academia, aos poucos surgiu um novo nicho suportado pela iniciativa privada com excelentes cursos. 

E do ponto de vista das instituições contratantes?
Da mesma forma, ainda falta capacitação, definir quais os direcionamentos, o que desejam contratar como produto e como realizar a checagem, quais os critérios de avaliação dos processos. Além de questões sobre como os gestores vão contratar em BIM? Quais softwares vão usar e como vão receber os arquivos nessa fase preparatória? E a interoperabilidade (mecanismo para que os softwares se comuniquem entre si)? São muitas perguntas a serem respondidas.

O BIM ainda é considerado caro e inacessível? 
O BIM não é inacessível. As empresas desenvolvedoras de software evoluíram para botar os softwares para trabalhar em modelos menos computacionais e mais amigáveis. Em termos de investimentos, já temos uma abertura no mercado para fazer uma boa adoção dessa tecnologia.

O Brasil já possui “regiões polos” de BIM? 
Sim, temos importantes mercados em fase de amadurecimento no Nordeste, Amazonas, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, que sedia os Poderes e empresas públicas contratantes de grandes obras. Há um horizonte promissor para esse mercado no Brasil.

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