Manufatura Enxuta aumenta em 80% produtividade de indústrias brasileiras

Manufatura Enxuta aumenta em 80% produtividade de indústrias brasileiras

Cacoal (RO), Sorriso (MT) e Londrina (PR) recebem projeto da ABDI que melhorou gestão em 25 empresas

Empresas de três municípios brasileiros encerraram o primeiro ciclo do programa de Manufatura Enxuta da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). Nesta quinta-feira (25), foi a vez do último Workshop em Londrina (PR). São 35 indústrias beneficiadas na cidade paranaense, em Cacoal (RO) e em Sorriso (MT). Em média, as 40 linhas de produção melhoraram o índice das práticas Lean em 80%, passando de 1,3 para 2,34.

“Os resultados foram muito positivos. Para se ter uma ideia, a meta do programa Brasil Mais Produtivo é de 20% e a média verificada é de 50% de aumento na produtividade. As cidades que trabalhamos, juntas, alcançaram 80% de crescimento”, avalia Júnia Casadei, coordenadora de Produção Industrial da ABDI.

O processo de avaliação Lean Manufacturing serve para identificar e aprimorar práticas e conceitos que tornam as linhas de produção das empresas mais eficientes. “Levamos uma proposta de reflexão, de forma simplificada, sobre o estágio da maturidade da gestão organizacional, considerando o Modelo de Excelência da Gestão da Fundação Nacional da Qualidade como referência. Podemos dizer que a introdução do pensamento e da metodologia Lean numa empresa gera uma mudança cultural importante, altera atitudes e comportamentos das pessoas envolvidas”, destaca Roberto Pedreira, coordenador de Adensamento Produtivo da ABDI.

A implementação dos conceitos de manufatura enxuta diminui os desperdícios ao longo dos processos e prioriza a criação de valores para os clientes. “O mais importante, para além dos números, é a introdução do pensamento Lean, porque muda a cultura, as práticas, mobiliza as pessoas e transforma a gestão das empresas como um todo, aprimorando as formas de trabalho”, ressalta Júnia.

As empresas participantes foram selecionadas pela Rede Nacional de Produtividade e Inovação (Renapi), braço da ABDI responsável por promover inovação no interior do país.

Etapas

As atividades do programa de Manufatura Enxuta começam com o conhecimento da linha de produção. Em seguida, é elaborado um diagnóstico e plano de ação para a etapa seguinte, dinâmica repetida após todas as visitas. Também são feitas avaliações e capacitações periódicas.

No final, é realizado um diagnóstico com a avaliação das práticas do Lean Manufacturing comparando a evolução durante o programa, com recomendações e plano de ação. O resultado foi apresentado durante o Workshop de Encerramento, que foi realizado em cada uma das três cidades.

Os indicadores são: liderança; cultura; 5S e gestão à vista; Setup; Manutenção Produtiva Total; Just in Time; Trabalho Padronizado; Soluções de Problemas; Melhoria Contínua e; Layout.

Ganho de produtividade

A pequena agroindústria Pérola da Amazônia, de Cacoal, que produz ovos de codorna em conserva e in natura, estava quase encerrando as atividades antes de participar do projeto. “Eu tinha um saldo negativo no fechamento do mês e não estava sabendo onde estava o erro”, como relata a proprietária Luciene Lagasse.

“A consultoria me ajudou na tomada de decisão. Eu consegui aproveitar melhor o espaço do meu galpão, encomendei novas gaiolas, que vou encher com novas codornas”, completa Lagasse, que comprou mais mil codornas e pretende adquirir outras 850 aves até o fim do ano. O projeto da ABDI/ FNQ incrementou em 467% a produtividade do empreendimento.

Além da Pérola da Amazônia, outras 18 empresas participaram do programa em Cacoal. Juntas, elas tiveram um ganho de produtividade de 141%, passando de 0,73 para 1,76 no índice de prática Lean.

Em Sorriso, o aumento médio de produtividade nas sete empresas participantes do programa foi de 122%. O índice nas práticas Lean passou de 1,29 para 2,86. A empresa Delicious Fish, com a revisão dos processos de produção de peixes, conseguiu reduzir pela metade o tempo de preparo dos animais no frigorífico. “Em uma das linhas de produção de pescado o ganho foi de 100%”, explica o coordenador de controladoria da empresa Evandro Fredo.

O aumento médio da produtividade das nove empresas de Londrina foi de 28%, passando de 1,88 para 2,41 o índice Lean. Thiago Perales, diretor operacional da HS Tecnology, especializada em equipamentos para saúde, destacou a importância do programa para a mudança de filosofia na companhia, que cresceu 29% em produtividade. “O projeto trouxe diversas melhorias para a qualidade e sustentabilidade da empresa. O foco foi na cultura organizacional para fixar estes conhecimentos e gerar ganhos para o nosso processo produtivo”.

Outro empreendimento beneficiado em Londrina foi a Angelus, do segmento de produtos odontológicos e que exporta para 80 países. A coordenadora de produção, Maria Alcântara, afirma que a gestão empresarial foi tirada da zona de conforto. “A gente estava acostumado a trabalhar de um modo, sempre tivemos uma rotina. A ABDI e o FNQ tiraram a gente desta rotina para uma melhoria. Neste tempo junto, desenvolvemos três projetos, um deles foi a melhoria constante”, detalhou.

“Em Cacoal e Sorriso, praticamente atendemos a agroindústrias, que têm outra forma de enxergar a produção. Em Londrina, são indústrias mais estabelecidas, com um grau de maturidade maior. São empresas que em algum grau aplicavam práticas Lean”, analisa Júnia.

As empresas receberam 40 horas de consultoria voltadas para a implantação da manufatura enxuta. Um novo ciclo do programa terá início em 31 de outubro, desta vez com indústrias de São Paulo.