Projeto Proarte do DNIT consolidará metodologia BIM no Brasil

Projeto Proarte do DNIT consolidará metodologia BIM no Brasil

Metodologia entra em vigor no próximo ano para obras federais e o Proarte, com 8 mil obras, distribuídas por 55 mil km de rodovias federais,

Quem passa pela Ponte do Guaíba, em Porto Alegre (RS) ou pela duplicação da BR-364, na região do Mato Grosso não imagina que está trafegando por verdadeiras obras modernas em termos de modelo digital de construção. Elas foram construídas com a metodologia BIM (Building Information Modelling) já em uso no país.

A partir do próximo ano, a metodologia BIM será utilizada em obras e serviços de engenharia da Administração Pública Federal, de acordo com o decreto 10.306/2020 publicado em abril último.

Em entrevista à Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o coordenador de Gestão Estratégica e Riscos Corporativos do Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (DNIT), Anderson Alvarenga, falou sobre os impactos do decreto no mercado e os cenários a partir de sua implementação. Ele ressalta que a metodologia BIM reduz expressivamente os custos de uma obra, para a infraestrutura pública. A entrevista fecha a série de matérias produzidas sobre o assunto. Confira aqui as matérias anteriores: , , .

Quais os grandes benefícios das obras em BIM?

Temos ganhos expressivos de qualidade dos projetos, produtividade, documentação da obra. E tudo isso porque o BIM traz informações estruturadas no modelo do projeto. Toda a documentação fica ligada ao modelo e, se eu altero o modelo, tudo é atualizado. Isso diminui os erros nos canteiros, já que tudo está validado. Outra vantagem é que posso colocar meu analista em posições mais nobres, em outras frentes de trabalho. O BIM possibilita maior detalhamento, com a acurácia dos quantitativos da obra, evita revisões e acelera o processo de aprovação dos projetos. E, ao final, isso reflete na redução dos custos.

Quais são os impactos do decreto?

No DNIT, já existem iniciativas do BIM há alguns anos e estamos nos preparando gradativamente para atender ao decreto. Esse é um passo muito importante para nós porque nos legitima a contratar em BIM, alinhando nosso trabalho à Estratégia Nacional BIM BR. Para tanto, escolhemos como programa piloto o Proarte, um programa nacional que objetiva a realização de obras de manutenção, recuperação e manutenção de milhares de obras de arte especiais (pontes, túneis, viadutos, passarelas e estruturas de contenção).

Qual a relevância do Proarte para ser escolhido como piloto?

Estamos falando de um programa de relevância nacional, algo como 8 mil obras, distribuídas por 55 mil km de rodovias federais. E já temos iniciativas sendo executadas em BIM. Como o projeto do Proarte é replicável e por sua escalabilidade, optamos por usá-lo como piloto. A partir de 2021, com o decreto, o processo será ainda mais acelerado. Ou seja, conseguiremos atingir todo o país, com controle gerencial e trazendo junto a iniciativa privada para esse novo cenário do setor de AEC (arquitetura, engenharia, construção) brasileiro. 

Qual o próximo passo a partir de agora?

Pelo decreto, temos o prazo de 90 dias para nos prepararmos e definirmos os critérios a serem exigidos em nossos editais. Internamente, já vínhamos nos preparando, mas agora teremos mais facilidade de criar critérios para a seleção das empresas qualificadas em BIM. Aos poucos, vamos incorporando esse aprendizado nas licitações. Por isso é tão importante esse período de transição em três fases, até 2028.  Até o ano que vem, teremos um trabalho interno para especificar os guias de exigências. Agora, é mais o recorte para que as empresas interessadas também possam se preparar.

Quais os principais desafios para a efetiva adoção do BIM no Brasil?

O governo já deu um importante passo. Agora, temos de ter uma comunicação clara para andarmos ao lado do setor produtivo e definirmos o que queremos em BIM. Precisamos criar um ambiente colaborativo, com padronizações, especificações e todos os critérios para que as empresas se capacitem e adaptem.