Em conferência nacional, ABDI reforça debate sobre a reindustrialização do país

Em conferência nacional, ABDI reforça debate sobre a reindustrialização do país

Presidente Ricardo Cappelli e diretora Perpétua Almeida participaram de evento realizado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) integrou a grade de programação do segundo dia da 5ª Conferência Nacional de CT&I, nesta quarta-feira, 31/07, em Brasília. O presidente da Agência, Ricardo Cappelli, e a diretora de Economia Sustentável e Industrialização, Perpétua Almeida, participaram de dois espaços de debate sobre reindustrialização e projetos estratégicos nacionais, ambos sob a ótica do encontro: a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Os temas apresentados na conferência, que segue até esta quinta-feira (01/08), têm como base de discussão os eixos estruturantes da política de governo formulada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). A reindustrialização em novas bases e apoio à inovação nas empresas, Eixo II da Estratégia, norteou a participação de Cappelli na discussão do tema “Nova Indústria e seus rebatimentos regionais”.

O presidente listou a série de ações em favor da indústria nacional em curso no Governo Federal e na ABDI, como as compras públicas para inovação orientadas pela Agência, a lei recém-sancionada que cria a Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD), a política Nova Indústria Brasil (NIB) e os programas Mover, Brasil Mais Produtivo e de depreciação acelerada, destinada à modernização do parque industrial nacional.

Universidades e setor produtivo

Ricardo Cappelli reforçou a importância do aproveitamento das riquezas locais para o desenvolvimento regional. O presidente defendeu, também, a importância de se promover uma convergência entre o setor industrial, a comunidade científica e as universidades. “Nós precisamos produzir desenvolvimento industrial no Brasil, e o papel da universidade é decisivo nisso”, apontou Cappelli.

“O Brasil, em 2021, produziu quase o mesmo número de publicações científicas que a Coreia do Sul, em torno de 10 a 11 mil. Quando vai para a patente, no mesmo ano, a Coreia do Sul registrou 23 mil patentes e o Brasil, 250”, enumerou.

A necessidade de mecanismos que facilitem a aproximação do conhecimento científico e do setor produtivo, a exemplo de fundações, foi sugerida pelo presidente da ABDI.

Acompanharam Cappelli na mesa de debates a diretora substituta do Instituto Nacional de Tecnologia (INT), Márcia Oliveira; o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi; e o doutor e responsável pelo Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Abraham Sicsu.

Indústria de Defesa

Sob o Eixo III da Estratégia do MCTI (Ciência, Tecnologia e Inovação para programas e projetos estratégicos nacionais), a diretora Perpétua Almeida integrou o debate sobre o tema “Defesa e segurança: ameaças e oportunidades, cerceamento tecnológico, tecnologias críticas   e alianças estratégicas para pesquisa e inovação”.

“Não tem como a indústria de defesa ficar fora desse debate. Até porque ela é uma indústria dual que serve à soberania nacional, às forças armadas. Serve, também, à saúde e à educação. Muitas das nossas descobertas nessa área transbordam para a área civil também”, explicou Perpétua, ao abrir o debate, antes de lembrar a origem das teclas touchscreen do Iphone em laboratório do exército estadunidense.

A diretora da ABDI celebrou a oportunidade de as discussões sobre o segmento serem retomadas na conferência. “A última vez que o Brasil debateu a indústria de defesa com esse viés científico e tecnológico foi há 12 anos, em 2012”, recordou. “Depois disso, nos governos seguintes, não se debateu mais”, completou, destacando a inclusão da indústria de defesa na Estratégia do MCTI, em 2023.

Com referências à proposta do primeiro Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), anunciada na abertura da conferência, a diretora da ABDI reforçou a necessidade de se assegurar o fornecimento adequado dos produtos e tecnologias necessários para o setor, inclusive as tecnologias da próxima geração, como Inteligência Artificial (IA).

A necessidade de o Brasil criar um sistema de geolocalização global que, uma vez alcançado, forneça autonomia de exploração do espaço brasileiro – hoje, dependente de outras parcerias –, foi igualmente destacada por Perpétua como demanda de primeira ordem na área de segurança.         

Base industrial

A parceria da ABDI com o Ipea para atualização da base industrial de defesa, a ser assinado em setembro, também foi lembrada por Perpétua em destaque à atuação da ABDI em favor do setor. O mapeamento anterior data de 2017.

A diretora integrou o debate com o assessor especial da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e professor da Escola Superior de Guerra (ESG), Ronaldo Carmona; o assessor de Ciência, Tecnologia e Inovação na Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnologia da Marinha, vice-almirante Alfredo Muradas; o comandante do Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber), general Alan Denilson Lima Costa; e o vice-diretor do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), major brigadeiro David Almeida Alcoforado.

Fotos: Thaís Holanda/ABDI